sexta-feira, 1 de abril de 2011

O Livro dos Contos Tibetanos - Compaixão Clarividente

Durante um ano Patrul Rinpoche decidiu oferecer cem mil prostrações para seu professor Mingyur Namkhai Dorje. Mas este, o maior lama do Mosteiro Dzogchen, era totalmente imprevisível.

Logo que Patrul fazia uma prostração, o grande mestre levantava-se e prostrava-se a Patrul. Isso ocorria cada vez que Patrul começava a curvar-se diante do grande lama. Finalmente Patrul escondeu-se no templo, atrás do trono de Namkhai Dorje, ali, invisível, ele oferecia discretamente suas prostrações.

Namkhai Dorje também era conhecido por sua clarividência desobstruída. Certa vez Patrul Rinpoche parecia estar procurando por algo antes de sair; enquanto ele calçava os sapatos na porta do quarto Namkhai Dorje disse, "Perdestes tua calçadora? Está na campina perto do rio." O discípulo encontrou o que queria bem onde o mestre disse que estava.

Outra vez, ladrões entraram no templo do Mosteiro Dzogchen e roubaram jóias do pescoço de uma estátua muito alta. Todos ficaram perplexos, o templo era fechado e as jóias pareciam inalcançáveis, tão alta era a estátua.

Quando Namkhai Dorje ficou sabendo do roubo, ele disse calmamente, "Conheço o ladrão." Ele entrou no primeiro andar, caminhou pelo parapeito dentro do templo, alcançou e retirou os ornamentos com uma vara longa.

Quando os monges foram checar, eles encontraram as marcas da passagem do ladrão e a vara, que havia sido deixada no parapeito. Apesar disto, Namkhai Dorje recusou-se a revelar a identidade do ladrão, pois o homem seria punido severamente se encontrado.

"Ele precisa de nossas orações, não de nossa punição," disse o idoso lama benevolente. "Possam as jóias do Buda concederem a ele o tesouro da completude eterna e paz interior."

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