quarta-feira, 13 de abril de 2011

A vida é como a música dos pitagóricos.


Cada vez que alguém passa a fazer soar a sua própria nota-chave, ainda que no início fracamente, todas as outras notas começam a reagir e a adequar-se ao fato novo que está surgindo do centro da aura do indivíduo. 

O processo de adaptação inclui resistências. Há boicotes inconscientes e semi-conscientes. Há sofrimento. Há desafios. O aprendizado é probatório. É experimental. Tudo nele precisa ser testado mais de uma vez. As derrotas são parte importante da alquimia do aprendizado.  O indivíduo avança melhor quando observa serenamente o conjunto da vida em seus vários níveis de consonância e dissonância. Ele fortalece sua vontade tentando o melhor em condições pouco favoráveis. Não há outro caminho a seguir, porque, quando as condições são favoráveis, a sua vontade geralmente perde força.   

Nada existe separado. O processo individual está inevitavelmente ligado ao carma coletivo e, assim, o altruísmo é indispensável. Não pode haver auto-libertação sem um projeto solidário. Todos os seres estão unidos pelos fios invisíveis do carma. É ajudando que se é ajudado. Sem altruísmo não é dado um só passo à frente. 

O individual e o coletivo estão ligados em harmonia nos níveis superiores de consciência.  Só os cegos espirituais não sabem disso. Uma das funções do movimento teosófico é mostrar a ligação direta que há entre a felicidade individual e a felicidade de todos os seres, e desfazer a ilusão da “felicidade egoísta”.  O dever do movimento teosófico é tocar coletivamente uma nota elevada da consciência humana. O nome técnico desta nota-chave, na filosofia esotérica oriental, é “buddhi-manas”.

As notas dissonantes que vemos no mundo externo, tanto individual como coletivo, são necessárias para comprovar a solidez da força com que surge a nova consciência. Estamos no início do despertar humano. No começo, as notas dissonantes fazem mais barulho que a nota-chave elevada.  O que falta às notas dissonantes, porém, é consistência. E também durabilidade. A nota-chave não faz barulho, mas ela vence, porque é imortal e pode esperar que a ignorância perca sua força. 

Cabe ao estudante de teosofia ter, portanto, uma visão de longo prazo, e desenvolver a determinação necessária para plantar bom carma no presente, mesmo tendo que avançar contra a correnteza. As sementes de futuro podem ser percebidas no instante do agora, através da simples observação do que estamos plantando

Passado, presente e futuro são partes inseparáveis de um mesmo conjunto, e H.P. Blavatsky escreveu:

“... A eternidade não pode ter passado ou futuro, mas apenas o presente, assim como o espaço infinito, no seu sentido estritamente literal, não pode ter lugares próximos nem distantes. As nossas concepções, limitadas à área estreita da nossa experiência, tentam localizar, se não o final, pelo menos um começo do tempo e do espaço; mas nem o início nem o final existem em realidade, porque se existissem o tempo não seria eterno, nem o espaço seria ilimitado.”

A sra. Blavatsky prossegue:

“O passado e o futuro não podem existir exceto precariamente (....). Só nossas memórias sobrevivem; e nossas memórias são apenas vislumbres que obtemos dos reflexos deste passado nas correntes da luz astral (...).” [2]

O que se pode fazer diante do mistério do tempo ilimitado?

O indivíduo deve deixar que despertem em si mesmo os princípios superiores da consciência humana. São eles que lhe darão os meios práticos de ter acesso direto ao tempo e ao espaço infinitos. 

Pouco a pouco, ele perceberá melhor as relações sempre cíclicas entre o presente, o passado e o futuro. 

Pagando o preço de deixar morrerem as suas ilusões, ele verá que o tempo e o espaço infinitos constituem a essência permanente que anima - e transcende - cada forma passageira de vida.

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